balneário dos milagres
anteprojeto de um balneário, produto do trabalho final de graduação da faculdade
o projeto teve respaldo no conceito da fenomenologia, processo onde tudo é informado pelos cinco sentidos humanos. é uma investigação e experimentação da consciência, constituída por imagens, fantasias, relações, pensamentos, atos, emoções, memórias, eventos, sentimentos, etc. de forma poética, sutil e delicada, a fenomenologia se expressa na arquitetura, como aconteceu no projeto. materialidade, iluminação, luz e sombra, cores, formas, elementos, foram todos pensados para explorar a experiência do usuário do espaço.
o equipamento ‘casa de banhos’ não é muito comum no brasil, como em outros países europeus, tais quais, frança, alemanha e dinamarca, talvez pela existência de belas praias com clima e ambientes propícios como nosso litoral tropical. porém, por que não um equipamento fixo anexo à praia, onde as pessoas possam usufruir de lazer, esporte, recreação, atividade de pesca, gastronomia e cultura em um clima favorável e com funcionamento todo o ano?
diante deste cenário, foi proposto um balneário na praia dos milagres, na cidade de olinda. praia esta que vem passando por um processo de mudanças muito significativo ao longo dos anos. entre as décadas de 40 e 60, foram registradas ressacas, que assolaram o litoral olindense, fazendo com que ruas inteiras da beira mar fossem tomadas completamente. além disso, as praias de olinda ainda sofrem com poluição típica de praias urbanas, registro de ataques de tubarão e o esquecimento eminente do poder público na manutenção da orla. milagres principalmente, por estar próxima de duas comunidades e ser considerada uma área ‘perigosa’. um equipamento desde porte, não só resgataria uma memória esquecida dos olindenses, que outrora usufruíam constantemente das praias da região, como traria também um novo atrativo para a cidade de olinda.
através de decks de madeira formando rampas, a piscina pública de água salgada foi integrada à faixa de areia, na qual foi alargada por uma proposta de engorda. as áreas públicas contam com bar, banheiros, chuveiros e um mercado de peixe com restaurante. a área privativa, possui diferentes tipos de piscinas com águas e temperaturas diversas, guarda volumes, sauna, banheiros, restaurante, espaço de eventos e uma rampa de acesso ao telhado-praça. foi proposto deck para apoio aos pescadores da região, assim como deck flutuante para ancoragem dos barcos. como estímulo às atividades esportivas, há plataformas de saltos em diferentes alturas e na piscina principal foram determinadas raias de 25m. a integração com a praça dos milagres também foi essencial para o resultado positivo do projeto.
as texturas encontradas no local, como areia, água, pedras e ruínas das casas perdidas pelo avanço do mar, foram replicadas em materialidade no projeto. o gabião, sistema construtivo que utiliza uma grelha de aço com pedra dentro, foi utilizado em vários pontos do projeto, onde, de forma sustentável, o conteúdo seriam as pedras e restos de ruínas encontrados no local. a madeira, como ampliação da areia da praia, traz aconchego e conforto. por fim, a água, como elemento principal, presente nas diversas piscinas, espelho d’água e aquário.
de modo geral, o balneário proporcionou um redesenho da praia dos milagres, reativando um antigo costume da população local e incentivando comércio, segurança, lazer, cultura e urbanidade.